19 setembro, 2011

Dexter: the heartbreaker

Então que eu estava voltando com as crianças da escola, quando avistei um filhote de vira-lata safado na beira da estrada. Num impulso, fiz o retorno e falei para Deborah chamá-lo. Ele não pestanejou: largou o lixo que estava fuçando e pulou no carro. No meio do caminho, aproveitou e batizou a Deborah.
Explico porque do impulso: em outra ocasião,passei por um cachorro na beira do caminho e não resgatei. Quando estava fazendo o caminho de volta, ele havia sido atropelado e morto. Aquilo me matou um pouco por dentro.
Então que esse pequeno senhor já chegou logo indo p o vet tomar banho, tomou vermífugo e etc.
Quando chegou aqui em casa, ficou beeem a vontade, já saiu catando um pano de chão para deitar. Isso foi na semana da minha cirurgia. Nessa mesma semana, chegou mamy para ficar comigo no hospital e logico que ela se apaixonou por ele.E as crianças também. O marido fez cara torta, mas pra ele estava tudo bem, pois a ideia inicial era abrigarmos o tomba-lata até arrumar um lar definitivo. Ele foi uma ótima cia pós-cirurgica.
Mas quem nessa vida, com tanta oferta de glamour e status que um cão de raça confere, vai querer um vira-lata? Não que eu não goste de cães de raça. Para mim todos tem o mesmo valor, amo-os de forma igual, mas tem gente q só gosta do status que um cão de raça pode oferecer, como se ele fosse uma bolsa LV ou um sapato Louboutin.Enfim.
Para resumir a fase ruim da história, ele ficou doente teve um primeiro diagnóstico de leishimaniose e depois de cinomose. Passou 2 semanas ruins, 2 boas e 1 ruim de novo, com mais dois dias horríveis. Nesses dois últimos dias, apesar de todo amor que tínhamos temos por ele, resolvemos a muito custo pela eutanásia. Na quinta, comuniquei a decisão a vet, e marcamos p a sexta feira. Na quinta, ele não queria mais comer, nem beber, nem ir ao banheiro. Deixou eu limpá-lo, coisa q ele ficava puto quando eu fazia. Como enfermeira razoável que sou, mudei o decúbito dele a cada 2 horas, tentei em vão alimentá-lo pela seringa (ele não queria). Ele estava extremamente secretivo e ofegante. Na madrugada de quinta p sexta, acordo com um pranto tão sentido, que pensei que ele tivesse partido. Na verdade era  meu marido dizendo o quanto o amava e que iria sentir falta dele. Na manhã seguinte, acordei nem sei como. Fui falar com ele que não estava mais interagindo. Fui a banheiro para me arrumar e antes de sair de casa para levar as crianças p escola, descobri que ele se foi. E um pedaço do meu coração foi junto.
Ele era dócil, arteiro, carinhoso, muuuito social. Brincava com os cães quando passeava, e com as pessoas também.
Uma lembrança que não vou ter dele é ele latindo, pois nunca ouvi. Mas lembro da caroça dele de levado, das pintas pretas nas patas brancas, da máscara preta no fucinho branco e de uma coisa preta e branca correndo no gramado da beira da estrada.
Dexter foi seguramente o primeiro espécime masculino a partir meu coração.